ARTIGO
Por: Rildo Marques*
Uma análise psicanalítica da comunicação não verbal
Freud, o pai da psicanálise, dedicou-se a estudar os fenômenos da mente humana, especialmente aqueles que escapam à consciência e se manifestam de forma indireta, como os sonhos, os atos falhos e os sintomas. Entre essas formas de expressão do inconsciente, o silêncio também ocupa um lugar importante na teoria freudiana.
O silêncio pode ser entendido como uma forma de comunicação não verbal, que transmite uma mensagem sem o uso de palavras. O silêncio pode ter diferentes significados, dependendo do contexto, da intenção e da relação entre os interlocutores. O silêncio pode ser uma forma de resistência, de recusa, de desafio, de consentimento, de reflexão, de contemplação, de respeito, de medo, de angústia, de culpa ou de amor.
Para Freud, o silêncio é um dos mecanismos de defesa do ego, que visa proteger o indivíduo de uma situação que lhe causa ansiedade ou conflito. O silêncio pode ser uma forma de evitar o confronto com a realidade externa ou interna, de negar ou reprimir um desejo ou uma emoção, de esconder um segredo ou uma fantasia, de fugir de uma responsabilidade ou de uma decisão.
No entanto, o silêncio também pode ser um meio de acesso ao inconsciente, de revelação do que está oculto ou esquecido. O silêncio pode ser uma forma de escuta atenta, de atenção flutuante, de associação livre, de interpretação simbólica. O silêncio pode ser uma ferramenta terapêutica, que permite ao analista e ao analisando estabelecerem uma relação transferencial e trabalharem juntos na elaboração dos conflitos psíquicos.
Assim, o silêncio segundo Freud é um fenômeno complexo e ambíguo, que pode tanto ocultar quanto revelar o que se passa na mente humana. O silêncio é uma forma de linguagem que precisa ser decifrada e compreendida, levando em conta os aspectos conscientes e inconscientes da comunicação. O silêncio é um desafio para a psicanálise, que busca dar voz ao que não se diz.
*Psicólogo Clínico