SAÚDE
Taxa elevada é fator de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Entenda a gravidade e aprenda como se prevenir
Uma forte dor no peito que se alastrou pelos braços e costas levou Rosely Conceição Haddad à emergência do hospital. No final de junho deste ano, a aposentada de 59 anos, moradora do Jardins Mangueiral, foi diagnosticada com infarto agudo no miocárdio e passou por uma cirurgia para a inserção de dois stents. “Sempre comi muita massa, frituras, doces e fumava muito. Um exame constatou colesterol alto, não fiz uso correto dos medicamentos e nem mudei os hábitos alimentares. Após o infarto, passei a tomar água, parei de fumar, tomo os remédios no horário e luto para acertar na alimentação”, relata.
No Distrito Federal, entre janeiro e junho de 2024, foram 1.208 internações por infarto do miocárdio. Para se ter ideia da gravidade desta doença, no Brasil, nos seis primeiros meses deste ano ocorreram 244 mil mortes por doenças cardiovasculares, de acordo com o cardiômetro, indicador criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Ainda de acordo com a SBC, no Brasil, 4 em cada 10 adultos têm diagnóstico de colesterol alto e mais de ¼ das crianças brasileiras já apresentam níveis de colesterol elevado.
Entre as funções essenciais, o colesterol constitui matéria-prima para a formação de hormônios e de vitamina D. A substância é produzida pelo fígado, mas também é obtida através de alimentos de origem animal, como carne, ovos e laticínios. Em concentrações elevadas, pode causar várias doenças. A obstrução dos vasos no coração é um exemplo, o órgão recebe uma quantidade menor de oxigênio e nutrientes, tendo as funções comprometidas e levando a doenças como angina, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca e até a morte súbita. Quando acomete as artérias carótidas e cerebrais, pode levar até a acidentes vasculares cerebrais (AVC).
O colesterol alto geralmente não apresenta sintomas. Muitas pessoas descobrem que têm níveis elevados apenas após exame de sangue de rotina. Essa doença causa sintomas após longos anos, quando o colesterol LDL aumentado no sangue provoca acúmulo de placas de gordura (ateroma) nos vasos do corpo, processo denominado aterosclerose. Essa doença começa de maneira microscópica desde a adolescência, mas suas manifestações com mais frequência ocorrem após os 40 anos de idade.
A Referência Técnica Distrital (RTD) de Cardiologia da SES-DF, Rosana Costa Oliveira, reforça que o colesterol é uma substância essencial para o funcionamento do corpo, mas seus níveis devem ser mantidos sob controle para prevenir doenças cardiovasculares.
“Mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e atividade física, são fundamentais para manter os níveis de colesterol equilibrados e reduzir os riscos associados ao colesterol alto. O acompanhamento médico regular é crucial para o diagnóstico precoce e manejo adequado do colesterol elevado”, destaca.
A especialista explica que existem diferentes tipos de colesterol, sendo que os dois principais são o colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade), conhecido como “colesterol ruim” e o HDL (lipoproteína de alta densidade), o “colesterol bom”, que ajuda a remover o colesterol ruim das artérias e transportá-lo de volta ao fígado para ser eliminado.
O diagnóstico do colesterol alto é feito por meio do exame de sangue denominado perfil lipídico, que mede os níveis de LDL, HDL, colesterol total e triglicerídeos. Recomenda-se que adultos façam esse exame regularmente, especialmente se tiverem fatores de risco para doenças cardiovasculares. Pela SES-DF, o tratamento ocorre na Atenção Primária, por meio das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e pela Atenção Secundária, nas policlínicas.
Medidas preventivas incluem alimentação saudável, redução do consumo de alimentos industrializados como salgadinhos, biscoitos e frituras. É importante a ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais e alimentos ricos em ômega-3; prática regular de exercícios físicos, sendo ao menos 150 minutos de atividade moderada por semana; manutenção de peso saudável; não fumar e uso moderado de bebidas alcoólicas.
*Com as informções Agência Saúde SES-DF